terça-feira, 8 de junho de 2010

terceiro círculo: um clássico contemporâneo

Hoje nos reunimos para o terceiro encontro do Círculo de Leitura e Produção escrita. Um encontro rápido, de somente uma hora. De muita leitura.

Foi proposta a leitura de cinco contos do Machado de Assis. "Um apólogo", "O espelho", "Fulano", "Conto de escola" e "A cartomante". Todos contos presentes no livro cuja imagem está acima. Uma coletânea dos 50 melhores contos do Machado de Assis, organizada por John Gledson, americano estudioso da obra machadiana.

Pelo tempo disponível, e pelas conversas oriundas das leituras, conseguimos ler somente os três primeiros contos. Os outros dois ficaram para ser lidos pelos participantes até o próximo encontro. Inclusive, deixamos combinado que o quarto encontro iniciaremos com a leitura do conto "A cartomante", para retomarmos as leituras feitas neste encontro.

Algumas observações, ainda rasas, não havendo mesmo necessidade de serem mais aprofundadas neste momento, e dentro do tempo que tínhamos à disposição, deram conta daquela que para nós, participantes, é a característica principal da escrita de Machado de Assis: sua contemporaneidade, assim chamamos.

O texto do Machado é atemporal. Por mais que muitos textos deste autor situem numa linha de tempo-espaço o país e o mundo, as possibilidades de leitura dos mesmos tornam-nos atemporais, no sentido de que, se lidos à época em que foram escritos, ou lidos hoje em dia, e até nos dias que virão, continuarão sendo muito bem contextualizados no momento presente. Isto devido, acreditamos, à construção de personagens e de tramas muito bem urdidas pelo autor.

Nos textos selecionados, inclusive, a densidade dos personagens, o quanto eles são "escancarados" ao leitor - ao mesmo tempo que o texto não os entrega em suas características, sendo preciso que o leitor as descubre numa leitura bastante atenta e não linear - se fez notória neste encontro. Salientando também os sentimentos humanos mais humanos que tais personagens afloram, como vaidade, inveja, ciúme. Sentimentos tão nossos, enquanto humanos que somos, mas tão difícies de serem lidados, seja em nós mesmos, seja nos outros, próximos ou não a nós. Daí, portanto, tal contemporaneidade deste texto clássico. Daí, portanto, tal possibilidade de leitura sempre no presente. E muito mais ainda por pensar para o encontro próximo.

Ítalo Puccini, pesquisador mediador.

4 comentários:

  1. Mais um adorável encontro de mentes leitoras. Machado, como não podia não ser, é sempre instigante. Deu-me, digo por mim, embora imagine que outros também sintam, uma imensa vontade de escrever.
    Aguardo ansiosamente o próximo encontro, felizmente não tarda a chegar.

    Até breve!
    Ana

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  2. Ah, que delícia, Italo! Conheço o livro. Não sei se concordo completamente com a eleição dos 50, mas gosto é gosto. E Machado é um primor. Atemporal, como você diz. Até hoje me surpreendo com ele. Mesmo quando releio um dos seus contos. Parece assim que descobri mais uma peça.

    Beijão,
    Priscilalopes.com

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  3. não li essa antologia (desejo-a!) mas conheço bem o velho machado, e adoro sua escrita.
    Ai, deve estar muito bom esse círculo! Feliz e triste estou, aqui, acompanhando de fora. ;)
    Mas enfim, belas leituras. Aliás, como é importante botar os contos do velho bruxo na roda, conversar, bater um papo gostoso sem a costumeira chateação que costuma ser a apresentação do machado nas aulas de Literatura (na maioria é, infelizmente). Esse culto exagerado que ocorre muitas vezes, essa elevação a um altar-mor da literatura e da língua portuguesa não é legal, afasta o gosto de muitos leitores. Aliás, nem combina com Machado, que tem sua escrita fina, inteligente, culta, mas que não por isso deixa de ser gostosa, bem-humorada e leve. Viva Machado, e parabéns ao círculo! =)

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  4. Ita, mais uma vez agradeço suas palavras em torno dos meus poemas, espero um dia podermos conversar melhor e dou graças ao homem de ter criado essa natureza virtual para nos comunicarmos. Fico feliz com os teus encontros também, precisando de qualquer coisa, basta pedir, aqui da Ilha que fico a disposição.
    Um forte abraço!

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