quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Narrativas curtas - Ana Paula Kinas Tavares





Jogo do amor

   Tão inesperado quanto um gol aos 46 nasceu aquele amor. Como argilosa árbitra marcou um falso impedimento e anulou o sentimento.


Fuga

   Ela corria, corria. Não estava atrasada, não queria ir, nem tinha pressa. Tampouco sabia para aonde ia. Corria porque temia não mais partir.


Despedida

   Ela tirou o anel silenciosamente e o devolveu. Abriu a porta e não mais voltou. Ele adoeceu.


Fim

   Eu o amava como quem ama uma canção. Admirava seus poentes e luares, compartilhava suas fases e questionava suas auroras. Só no dia que o vi morrer entendi que nada além do amor é perene.


Sair do ninho

   Não comia mais em casa. Levou umas mudas de roupa, deixava no carro dois pares de sapatos. Comprou toalhas e lençóis e os deixou lá. E só me entregou a chave quando carregou os livros.
   Dei minha benção.


Aniversário

   Esperou pelos 80 anos, convidou todos os amigos, dançou e bebeu em seu último aniversário.


Carnal

   Primeiro os olhos, depois as mãos, e só quando me tomou com os lábios se entregou. Desejava-me tanto quanto eu a ele, contudo negava até o último gemido.
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Produções provenientes do sexto e do sétimo encontros do Círculo de Leitura e Produção Escrita.

3 comentários:

  1. Eu já havia gostado dos seus textos quando vc os leu no último encontro. E hoje, lendo mais uma vez, mais uma vez gostei. Principalmente do "sair do ninho", me identifiquei com esse.

    Abraços.

    Adriana.

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  2. Belas metáforas, Ana!
    Muito poético!

    Amor. Um sentimento que nunca fica antigo.
    (Assim espero)!

    Juli

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