sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Narrativas curtas - Juliano R. Maciel


Vaidade e Ira
Mirou no inimigo. Havia somente uma bala. O sangue fervia. A noite escura. O dia longo. A vida curta. O momento curto.
Dedos tremem. Mãos inteiras tremem. Todo um braço vacila. O horror do assassínio fazia às pernas faltar bases.
Tiro.
O espelho estilhaçou. O inimigo morrera. Cacos, sangue e carne fresca no chão.

O espelho atirara primeiro. O reflexo é o assassino. Mais um alguém está morto.

Inveja e Orgulho
Querer é o mais santo dos atos. Invejar é a mais pura das intenções, a mais alta das virtudes. Invejar é glorificar. Invejar um Deus é também querer ser eterno. Invejar o homem é também querer morrer. Invejar a ideia é morrer sem nunca ter nascido.

Invejo, pois, assim mostro o quanto adoro – adoro Deus, o homem, a ideia. Adoro tanto que glorifico. Mas eu, se pudesse, estaria no lugar de cada um.

Não podendo, invejo.

Gula e Luxúria
Se comer toda a pele, sobrará carne. Para comer a carne, desfaça-se a pele. Dispa-se a pele, dispa-se da pele – devore. Ignore a carne, vista-se em pele – devore.
A diferença é arrotar ou não.

Preguiça
Macunaíma: ...
_ _ _ _ _ 
Produções provenientes do sexto e do sétimo encontros do Círculo de Leitura e Produção Escrita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário