sábado, 22 de maio de 2010

Segundo círculo: a narrativa constituída por diálogos

Hoje tivemos o segundo encontro do Círculo de Leitura e de Produção Escrita. Um encontro para muita leitura, muita conversa, e um tanto mais de produção escrita. Estiveram presentes 8 alunos de diferentes fases do Curso de Letras Licenciatura da Univille.
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A proposta de leitura foi de alguns contos do livro "A cabeça", do escritor Luiz Vilela (Editora Cosac & Naify, 2002). São dez contos que compõem o livro, e realizamos a leitura de cinco deles: "Luxo", "Calor", "Más Notícias", "Catástrofe" e "A cabeça", último conto do livro, que dá nome ao livro.
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Os contos deste livro de Luiz Vilela são constituídos todos por diálogo. A construção narrativa das histórias se dá por intermédio do diálogo envolvendo dois ou mais personagens. Dez histórias que apresentam dez diferentes situações de comunicação com as quais nós, leitores, muito podemos nos identificar, ou por já termos vivenciado algo, ou por conhecer alguma história de contexto e situação parecida.
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As características principais observadas pelo grupo foram:
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1) concisão nas falas. Diálogos em sua maioria curtos, também com pouca interferência de um narrador, seja observador, seja personagem. Dessa forma, as leituras foram feitas de maneira muito dinâmica. Cada participante lia uma fala de um personagem. Foi preciso estar bastante atento ao ritmo da leitura. Atentar-se à narrativa e às vozes que a contavam;
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2) Uso livro e abusado e muito propício de palavrões. Um retrato do que acaba se tornando a fala das pessoas dependendo das situações em que se encontram;
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3) Incomunicabilidade. Os personagens falam, falam, falam, mas não se ouvem. São vozes soltas entrecruzando-se. Fica clara uma incapacidade auditiva durante uma conversa. Há o interesse em ser ouvido, mas não em ouvir.
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4) A construção da narrativa é toda "quebrada". Não há um começo, meio e fim. Há somente um meio. Um recorte de alguma situação específica. Uma fotografia com legenda. O começo das histórias denota uma conversa já em andamento, e o seu final não é explicado ao sujeito-leitor. A ideia de um final que não é um final, sinalizada por Piglia em suas teses sobre o conto, pode ser encontrada nestes contos de Vilela.
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Após as leituras, foi feita a proposta, aos participantes, de escrita de uma ou mais narrativas - contos - constituídos intrinsecamente por diálogos. Com a possibilidade de uma descrição ou outra, mas que sua essência fosse toda com base em diálogos entre dois ou mais personagens. Sem necessidade de algum questionamento crítico implícito, como tivemos a oportunidade de observar, também, nos contos do livro "A cabeça", mas sim que se constituísse como uma forma de diálogo próxima à encontrada nos contos, a incomunicabilidade, a discussão entre os personagens, o falar, falar e não chegar a conclusão nenhuma.
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Nos próximos dias, até o próximo encontro, neste blog serão postadas as produções escritas dos participantes deste encontro.
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Ítalo Puccini, pesquisador mediador.

2 comentários:

  1. Foi maravilhoso!
    Contos diferentes do que costumo ler, ainda assim admiráveis e inspiradores.

    Estou curiosa pelos textos... rs rs
    Gostei muito do grupo, até mês que vem! ;)

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  2. Foi fantástico!

    É sempre surpreendente perceber o que a leitura nos provoca.

    Acho que esse grupo é muito especial e que ainda vamos nos maravilhar muito nos encontros.

    Abraços.

    Adriana.

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