“Mas como você não viu?”
“Não vi, oras, não vi”.
“Mas como?”
“Não vi, caramba! Ponto. Não vi”.
“...”
“Passou uma menina aqui do meu lado. Toda gostozinha, toda cheirozinha, toda...”
“Tá, cacete! Já entendi”.
“Mas você tinha de ver a menina!”
“Cala a boca! Eu ainda não acredito que você não viu!”
“Não vi, desculpa”.
“Que desculpa, o que?! Eu devia era te...”
“Olha lá, olha lá”.
“Olha lá o quê?”
“Olha lá, é ela, a menina gostozinha. Ai, meu jesus cristinho, me proteja”.
“Eu não acredito!”
“Ai, eu também não acredito. É perfeita demais ela, não?”
“Cala a boca, rapaz”.
“Ai, pra quê esse tapa?”
“Pra quê? Você merecia era mais, era levar uma surra mesmo! Você não sabe quem é ela, não, seu trouxa?”
“Eu vou lá”.
“Eu te perguntei se você não sabe quem é ela?!”
“Claro que não sei! Se soubesse, já tava andando de quatro por ela há muito tempo”.
“Meu deus do céu...”
“Eu vou lá falar com ela, pedir se ela não quer ajuda para carregar as sacolas, se ela mora longe, se não quer companhia até em casa...”
“Você nem sabe se ela tá indo pra casa, não viaja!”
“Por isso mesmo vou lá, pra perguntar se ela precisa de ajuda”.
“Quem vai precisar de ajuda aqui é você, porque eu vou te trucidar daqui a pouco!”
“Por isso é que eu vou já!”
“Ô, onde é que tu tá indo? Não! Espera!”
“...”
“Volta aqui! cuidado! Olha o caminh...”
_ _ _ _ _
produção proveniente do segundo encontro do Círculo de Leitura e de Produção Escrita.
A la Luiz Vilela, demais! ;D
ResponderExcluirE não seria uma fotografia da realidade com cores verdadeiramente intensas?
Achei genial, Ítalo!
Sem qualquer narração, e mesmo assim muito situado, envolvente...
Ana.